terça-feira, 21 de março de 2017

O freixo do Freixo. A resiliência portuguesa.





No dia mundial da Árvore viajamos até Freixo de Espada à Cinta


Marcelo recebe o primeiro "clone" da árvore simbólica de Freixo de Espada à Cinta

Notícia partilhada por Raquel Martin

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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

PESSOA/LISBOA e uma tarde em Madrid





“Tão cedo passa tudo quanto passa!

Morre tão jovem ante os Deuses quanto

Morre! Tudo e´tão pouco!

Nada se sabe, tudo se imagina.

Circunda-te de rosas, ama, bebe

E cala. O mais é nada.”



Ha uns días fui ver uma exposição sobre o poeta português Fernando Pessoa, que está a decorrer no Círculo de Bellas Artes de Madrid até o  5 de março de  2017.



A peça principal é  um documentário intitulado “Pessoa-Lisboa” realizado por Alberto Ruiz de Samaniego e José Manuel Mouriño, que confronta os diferentes lugares da cidade onde o poeta viveu, e os seus poemas e escritas. 


 Além disso, os autores apresentam o Atlas Pessoa, uma ferramenta informática que permete navegar pelo conjunto da obra do escritor e ajuda desta maneira a um melhor e mais integrado conhecimento dela.  



Portanto, mais do que uma apresentação de diversos materiais e objetos relacionados com o escritor, trata-se de uma mostra baseada em elementos visuais e digitais, dirigida a conseguir uma profundiçação na obra e na vida do poeta.  
 

O guião do documentário está dividido em diferentes cenas, que têm uma certa evocação teatral e servem como decorado e contexto biográfico aos versos e escritas do Pessoa. 


“Não sou nada.

Nunca serei nada.

Não posso querer ser nada.

Àparte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”


 Depois de ver a exposição comprei o livro-catálogo e subi ao terraço do edificio para ler alguns dos poemas e desfrutar das magnificas fotografías –quer antigas, quer actuáis- da belíssima capital portuguesa.  As vistas desde o topo do edifício do Círculo de Bellas Artes são extraordinarias, e embora o tempo não ajudasse –estava muito frio-, despois de um bom copo de vinho tinto pude sentir-me muito à vontade, gozando das palavras do Pessoa, das imagens lisboetas e, quando levantava a cabeça e olhava em redor, das magnificas panorámicas madrilenhas. 


 
Havia também muita gente jovem que chegava, tirava umas fotinhas e ia logo. Alguma menina linda demorava um bocadinho mais, a olhar para todo o lado, mas nunca, infelizmente, para mim.

  “Dai-me mais vinho, porque a vida é nada.”

  Lembrei-me –e ria enquanto lembrava- duma frase que alguém disse na última reunião do Clube de Leitura: Sozinho na multidão.


 “E amor a amor, ou livro a livro, amemos

          Nossa lareira breve.”
 

 Tirei fotos de tudo, e já à noite fui até a estação de Chamartin a apanhar o comboio de volta para Salamanca.  Nas escadas exteriores da estação tirei uma última fotinha das torres madrilenhas, altas e orgulhosas, indiferentes àqueles que não gostam delas, num momento em que pareceu-me que havia uma mistura de luzes entre o dia e a noite, unida à propria luminosidade dos edificios -como gigantescos neones de muitas cores- e finalmente ao reflexo poderoso –que parecía atingir os arranha-céus- duma lua recente e cheia.  No céu reverberava uma luz ao mesmo tempo crepuscular e festiva, ecoando algumas vistas desde o terraço do Círculo, que mais tarde, quando estava no comboio a ler os textos do poeta, voltei a sentir:



“Quero ir para a morte, como para uma festa ao crepúsculo.”






“PESSOA/LISBOA e uma tarde em Madrid.”

Ignacio Aparicio Pérez-Lucas.

Salamanca, fevereiro 2017.



domingo, 12 de fevereiro de 2017

O Teatro Mágico


O Teatro Mágico, que foi criado pelo músico e vocalista Fernando Anitelli em 2003, se consolidou como referência na América Latina por sua estética própria, que reúne a música com as artes performáticas, e também pelo uso inovador da internet para formação de público. A percepção de mudanças comportamentais – como o público se relaciona com a música e os seus artistas – trouxe para a companhia o espírito de projeto de música livre e o uso pioneiro de redes sociais como Facebook, Twitter e Youtube. Além da criação da sigla MPB (Música para Baixar), O Teatro Mágico foi um dos primeiros no Brasil a disponibilizar suas músicas para download gratuito.
 
O grupo é formado por Fernando Anitelli (voz, violão, guitarra), Zeca Loureiro (guitarra e violão), Sérgio Carvalho (contrabaixo), Rafael dos Santos (bateria), Ricardo Braga (percussão), Guilherme Ribeiro (teclados), e com as artistas performáticas Andrea Barbour, Nô Stopa e Manoella Galdeano.

Atuando na música de forma totalmente independente, tanto na produção como na venda, a banda já lançou cinco CDS de estúdio, três DVDS e um álbum ao vivo. Mesmo disponibilizando todo seu conteúdo para download gratuito, o grupo já vendeu mais de três milhões de CDS e mais de 450 mil DVD’s.
Os números da internet também são surpreendentes: mais de 17 milhões de visualizações no Youtube, 161.000 seguidores no Twitter, 95.000 no Instagram e-mails de 1.2024.000 curtidas na página oficial no Facebook.

Após terminar 2015 com a turnê de 12 anos de aniversário rodando pelas principais capitais do Brasil, o ano começou com tudo para O Teatro Mágico.  A banda passou os primeiros 20 dias do ano no Rio de Janeiro gravando seu sexto álbum – quinto de músicas inéditas. O mais novo álbum da trupe se chama Allehop, uma expressão usada pelos artistas circenses que indica o tempo para o início de um número acrobático.

O trabalho tem a assinatura do Daniel Santigo em parceria com o produtor Alexandre Kassin, que já trabalhou com artistas como Vanessa da Mata, Caetano Veloso, Gal Costa, Erasmo Carlos, e Los Hermanos. Conrado Goys, Dani Black, Danilo Souza, Jessé Santo, Lucas Silveira (Fresno), Marcelo Jeneci, Marcos Portinari, Pedro Garcia e Pedro Martins também fazem participações no disco.

O lançamento em abril de 2016, cerca de dois anos depois do monocromático Grão do Corpo, e já está em todas as plataformas digitais e lojas de todo o Brasil.

Fernando Anitelli, cantor e idealizador do projeto, promete surpreender o público com uma sonoridade bem distinta do que eles estão habituados: “Quisemos trazer batidas que nunca fizemos antes. O Allehop vai ter uma característica solar, com uma energia para cima, de não parar de dançar”, pontua.

O clipe da primeira musica de trabalho, Deixa Ser, uma parceria entre Fernando Anitelli, Daniel Santiago e Lucas Silveira, cantor da banda Fresno, já está disponível no Youtube e nas principais plataformas de streaming. (https://www.youtube.com/watch?v=51cSu9QC_lQ)

Extraído do site oficial: www.oteatromagico.mus.br/





sábado, 21 de janeiro de 2017

Viagem Régua





 Dizem que as coisas saem melhor quando se fazem sem as termos planeado e isso foi o que aconteceu no último fim-de-semana prolongado. Depois de ter lido um artigo que falava da estrada mais bonita do mundo em termos de condução, decidimos ir a Passo de Régua no vale do Douro.
 


 Há cinco anos, tínhamos feito a viagem de comboio desde o Pocinho até ao Porto, mas não descemos até à Régua. Por certo muito recomendável, mas isso é outra viagem! Agora a visão seria diferente
 


Apanhámos a autoestrada até à Guarda num dia ensolarado e claro. Depois da Guarda seguimos pela IP2 até Trancoso, que não podíamos deixar de visitar, mesmo que já tivéssemos estado lá. Almoço e passeio pelos arredores do Castelo, pelos cantos, becos e vielas… Quase não havia ninguém, só as vozes e gargalhadas dos adolescentes que saiam do liceu.  A aldeia estava muito calma.

 



Seguimos pela estrada N226 até Moimenta de Beira e antes de chegar, viramos à direita para Tabuaço na N323. A paisagem era espetacular: árvores de fruto, carvalhos com as folhas a mudar da cor, castanheiros, romãzeiras…  Surpreenderam-me os campos cheios de árvores sem folhas nenhumas, mas só com frutos  cor de laranja. Mais tarde soube que eram dióspiros.




 Assim começamos a descer o vale. Esse foi o primeiro contato com as vinhas, as oliveiras, os socalcos. Embora o sol se estivesse a pôr e não tivessemos a melhor luz, a paisagem já pressagiava o que nos esperava. Como dizia Eugénio de Andrade “o rio estava transformado em sucessivos e extensos espelhos de água”.

  


 É verdade que a Régua tem muitas opções: o teatro, a igreja, o museu do Douro, um passeio pela Beira, visitas às quintas para poder ver como se faz o vinho… No entanto, no dia seguinte continuamos até Mesão Frio. Não havia um destino, só desfrutar da paisagem, dos miradouros, dos trilhos perto das vinhas nas quintas... O outono continuava nas cores das árvores, nas vinhas… mesmo que fosse dezembro! Era um festim para a vista.







Para o almoço escolhemos o Pinhão, na confluência com o rio do mesmo nome e à beira do Douro, depois de percorrer de novo a melhor estrada do mundo. Ao contrário do que aconteceu na tarde anterior, o sol dava agora nos socalcos e embelecia-os. Não se pode abandonar o Pinhão sem visitar a estação com os azulejos que percorrem a vida no vale e o miradouro. Foi a perfeita despedida embora ainda tivéssemos a viagem de volta por São João da Pesqueira, Vila Nova de Foz Côa até Figueira do Castelo Rodrigo.  Mais e mais vinhas, novas quintas que me deram novas ideias para outras viagens.

Inmaculada Montero



 “O que é bonito neste mundo, e anima
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar  outra aventura.
E que a doçura
Que não  se prova
Se transfigura
Noutra doçura
Muito mais pura
E muito mais nova”
                                               Miguel Torga