segunda-feira, 23 de maio de 2016

Tubacanora - #LAPELIPOSA


Cartaz

Os caminhantes


Última montagem do Laboratório Performativo em Língua Portuguesa #LAPELIPOSA em Salamanca. O final da trilogia OS CAMINHANTES que iniciou-se em Lamalhablada com “Mar de subir”, e seguido do ”Horizonte Montado” em Juan del Enzina. Desta vez, com “Tubacanora” chegamos ao final do “nosso” caminho.


Mais uma vez Hugo Milhanas oferece uma montagem perfomativa complexa, inquietante, arriscada. Aproveitando a proximidade dos “atores” com os participantes num espaço reducido, consegue uma visão da obra diferente, direta e muito emotiva. A viagem dos caminhantes iniciou com as balsas (uma viagem futura, um projeto?), chegaram ao seu destino no horizonte montado (o presente)  e desta vez, já em passado temos a TUBACANORA, os caminhantes definitivamente querem ficar, radicar, no horizonte montado que estava à sua espera, criando uma resistência ao redor? Temos que falar com ingnitas, o resultado final é particular de cada um. Foram formando-se pouco a pouco as camadas desta viagem interminável.


“Tubacanora é a palavra que te ia soprar no ouvido, e que  meu país são tuas imaginações.Que habitas o império da paisagem, um salto impossível, um salto de outros tempos, que viajas num horizonte montado, dizes. Que tubacanora é a resistência.”


Como o autor declarou no fim da performance, a atualidade que nos rodeia tem muita influencia no conteúdo da obra. A imigração, os refugiados, todos somos caminhantes à procura de um futuro, uma vida melhor. Conseguimos alguma vez? Ou será que temos uma venda nos olhos que impede ver a verdadeira realidade? Vivemos numa borbulha de indiferencia apesar da inistente solidaridade com os que chegam, os que sempre chegarão?


O ato final da obra é muito simbólico. São os companheiros, amigos, família, outras pessoas que nos rodeiam as que conseguem tirar as vendas dos olhos e o mais importante, descobrir os olhos dos que temos ao nosso lado.
 

É importante salientar a presentação da proposta em três partes e locais diferentes, com uma temática comúm mas que também podem ser interpretados isoladamente, de maneira que a imagem que terá uma pessoa que só tenha assistido a uma delas será diferente da que terá o que viu duas ou a montagem completa. Diferente mas também enriquecedora. Como sempre dizemos cada um terá sua visão, sua interpretação, seu momento na obra.


Nesta última parte da trilogia é fundamental o acompanhamento musical do própio Hugo, criando um ambiente mais dinâmico e envolvente, uma opção muito acertada. É, se calhar, uma pequena e pessoal homenagem ao recentemente falecido David Bowie.


Nossos parabéns também para os atores do quadro escénico de LAPELIPOSA. Também declararam que para eles foi uma experiência mesmo marcante e estimulante, com demostram na interpretação.
  

Na minha opinião estamos perante um autor de grande dimensão quer na visão do mundo que o rodeia quer na interpretação e comunicaçção do mesmo. Esperamos continuar a ter muitas mais atividades similares, é todo um privilégio para a cidade de Salamanca contar com pessoas deste nível artístico.



Amigos es seguidores, ésta foi a proposta de Hugo deste ano. Cada um que siga o seu caminho, escolha a balsa que prefira, e radique no horizonte montado que mais goste. E lembrem-se de tirar fora as vendas que impedem ver a realidade, ou como tradicionalmente se diz, não deixem que uma árvore impeça ver a mata.


 Feliz caminhada!












sábado, 14 de maio de 2016

Tendências musicais










A mesma cidade, a mesma música, o mesmo video...

Não é que não goste, mas parece-me que se repete um bocadinho, não é?

quarta-feira, 11 de maio de 2016

O meu Horizonte montado

Imagem da performance (Lidia)


 “A sala de teatro lembra por vezes esse navio de um sonho montado. Entramos juntos. Vamos começar uns con os outros, no salto que o corpo quer aprender, e empurramos, empurramos como o sul, a ressistência por asa: a armadura da surpresa. É isso. A magia vai com o balanço do conjunto, é ilha catedral na intuição do horizonte.” (Texto do cartaz)


Mais uma vez o Laboratório Performativo de Língua Portuguesa de Salamanca surpreende-nos com a última apresentação em Salamanca: Horizonte montado. Teatro, montagem artística, interpretação, performance... é complicado definir o trabalho de Hugo Milhanas, poeta e diretor da obra.


Já no texto do início recebemos algumas dicas para entrar no jogo interpretativo. Estamos numa sala de teatro, um barco, um navio? Somos espectadores, viageiros, caminhantes? Com certeza que há múltiples e diferentes interpretações, uma por cada espectador-participante assistente. É o que faz atrainte e interessante as propostas escénicas de LAPELIPOSA, conseguem uma inquietação constante, um estado de espectativa incrível, uma interrogação permanente.




O que eu vi, (o meu horizonte) foi o seguinte:


Náufragos perdidos na ilha-catedral. Todos a olhar para o mar, para o teatro-navio que está a chegar. Até oferecem a sua praia aos novos visitantes, há espaco para todos. Uma nova vida. Mas quando por fim  tiram as vendas dos olhos, recuperam a visão perdida, percebem que o seu mundo não é como queriam, sentem-se desiludidos. Sentem frio, solitude, incompreensão. Às vezes, um raio de sol consegue iluminar suas vidas, aquecer os corpos, recuperar as forças para procurar uma saída. Quando descobrem um timão perdido(símbolo do irremediável nagufrágio das suas vidas), compreendem a realidade, não há retorno, não há saída. Cada um deles tentará chegar ao mar, qual peixe desesperado a procura da água vital. É o HORIZONTE MONTADO de cada um, impossível de atingir?

Convido a todos os assistentes a procurar e partilhar o seu particular Horizonte montado...

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HORIZONTE MONTADO em 77 palavras e uma canção esperançada





Os caminhantes também vêm do mar. Mistério. Caminhamos sobre um mar cinzento, medonho, com um grito cravado no coração. Fantasmas vagando sem nos ver. Individuo. Chocamos uns contra os outros, desconfiantes. Resistência. Ouvimos o grito do outro com o coração. Reconhecimento. Horizonte azul de castelos luminosos e janelas de papel. Luz. Neste mar há peixes para todos. Clã. Não parece, mas, nesta praia há lugar para todos. Fronteira. Gaivotas de osos com asas de voar. Sublimação.




  https://youtu.be/2DA3pRht2MA?list=RD2DA3pRht2MA

Raquel Martín

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