Salamanca-Bragança-Vila Real de Santo Antonio-Sagres
Mais uma vez de bicicleta em Portugal, mais 1.400 km por paisagens de subidas e descidas de vertigem. A orografia de Portugal é única e eu adoro!!
É a terceira “bicicletada completa” em Portugal desde Bragança até Sagres (2015, 2016 e 2020)
Desta vez, decidí fazer só a fronteira desde Bragança até Vila Real de Santo Antonio: o Portugal mais esquecido e menos valorado.
Começei de bicicleta desde Salamanca até Bragança (200 km) para aquecer... e realmente aquecí muito bem!!! A chegada a Bragança com muito calor foi um bom “início” de viagem após uma tapa de 140 km desde Almeida e mais de 3.000 kcal queimadas. Nunca tinha tido tanta fome...
Vimioso, o Vale da Pena e o rio Sabor foram as minhas primeiras experiencias de paissagens de natureza pura da fronteira. Uma maravilha!!!!
O dia anterior tinha experimentado a fronteira entre Zamora e Salamanca pelos diversos “Sayagos” e a subida a Miranda do Douro já foi um bom anúncio de todas as montanhas que me esperavam no outro lado da fronteira: mais de 20.000 mts de subidas nos 1400 kms de percorso com recordes de 20% e 22 % de desnível no Algarve (perto de Sagres).
· Percorrí sete distritos: Bragança, Guarda, Castelo Branco, Portalegre, Évora, Beja e Faro.
· Visitei tantos castelos que não me posso lembrar do número. O mais surprendente foi o de Alandroal, no Alentejo.
· Estive em muitas aldeias, vilas e cidades emblemáticas do Portugal interior: Bragança, Mogadouro, Torre de Moncorvo, Almeida, Vila Nova de Foz Côa, Figueira de Castelo Rodrigo, Almeida, Vilar Formoso, Penamacor, Idanha a Velha, Idanha a Nova, Nisa, Castelo de Vide, Marvão, Portalegre, Elvas, Alandroal, Reguengos de Monsaraz, Alqueva, Moura, Serpa, Alcoutim e Vila Real de Santo Antonio (continuei até Lagos e Sagres pela Serra Algarvia para finalizar as melhores férias de bicicleta que tive em Portugal-e já fiz mais de 7000 kms de bicicleta em Portugal!!-).
· As paisagens dos parques naturais e serras que percorrí foram experiencias de desporto e natureza inesquecíveis: Parque Natural do Douro Internacional, Parque Natural das Arribes do Douro, Serra da Malcata, Parque Natural do Tejo Intenacional, Serra de São Mamede, Parque Natural do Guadiana, Serra Algarvia e o Parque Natural da Costa Vicentina.
· Muitos rios (também para mergulhar!!!): Rio Manzanas, Rio Sabor, Rio Douro, Rio Côa, Rio Ponsul, Rio Tejo e Rio Guadiana.
· E o mar!!! (para ver, mergulhar e fazer surf!!!!).
Mais uma vez, Portugal deu-me 1.400 km de felicidade.
A comida, as suas paisagens e a sua gente são sem dúvida o melhor plano de férias possível.
Se tiver de destacar uma região ou alguma localidade, direi que Mogadouro, Torre de Moncorvo e a N 222 foram surpresas maravilhosas. Tão perto!!!!
Desde Vilar Formoso até Portalegre tive a grande oportunidade de pedalar com o meu amigo Joaquín. Obrigado pela companhia!!!
Espero que gostem da experiência de viajar de bicicleta por Portugal (pelo menos mentalmente) com as fotografias que anexo.
Abraço
Iñaki
Guarda 1 |
Guarda 2 |
Castelo Branco 1 |
Castelo Branco 2 |
Portalegre 1 |
Portalegre 2 |
Alentejo 1 |
Alentejo 2 |
Algarve 1 |
Algarve 2 |
Algarve 3 |
Iñaki e Joaquín em Marvão |
E para finalizar um artigo do Expresso.
É muito interessante e trata mesmo do desenvolvimento de un grande projeto fronteiriço.
Acho que pode ser de muito interesse também para nós como clube de leitura e como associação de cultura.
Expresso-SEMANÁRIO#2497 - 5/9/20
Cimeira luso-espanhola
Estratégia ibérica para a fronteira vai beneficiar 62% do país
“Queremos pôr o interior do país no centro do mercado ibérico” diz a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, sobre o plano traçado com Espanha
Texto Joana Nunes Mateus
A Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço que os governos de Portugal e Espanha vão assinar na próxima Cimeira Luso-Espanhola agendada para 2 de outubro, na cidade da Guarda, deverá beneficiar 62% do território português e 17% do país vizinho (ver mapa).
O objetivo é tirar partido da cooperação transfronteiriça para tornar os territórios raianos mais atrativos para viver, trabalhar ou investir. Não só os espaços rurais mais próximos da fronteira, mas também a rede de centros urbanos de maior dimensão que podem dar escala e massa crítica a esta solução orquestrada pelos dois governos para dinamizar, de vez, aquela que é a fronteira mais pobre de toda a União Europeia (ver caixa).
A lista de medidas a anunciar dentro de um mês pelo primeiro-ministro António Costa e o seu homólogo espanhol, Pedro Sánchez, pretende melhorar diretamente a vida de 5 milhões de pessoas. Do lado português, são quase 1,7 milhões de habitantes de 1551 freguesias, incluindo cidades como Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco ou Évora. Do lado espanhol, outros 3,3 milhões de habitantes dos 1231 chamados “municípios” de províncias como Badajoz, Cáceres, Ourense, Pontevedra, Salamanca ou Zamora.
Mas a ideia é precisamente captar mais pessoas para os territórios da raia. Como? “Pondo o interior de Portugal no centro do mercado ibérico”, responde a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa.
Que medidas vêm aí?
“É a primeira vez que temos uma estratégia comum para os territórios fronteira”, sublinha a ministra Ana Abrunhosa sobre o trabalho que tem desenvolvido com a secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira. “E estratégia não é só um papel, um documento teórico, mas uma lista de medidas concretas que foram coordenadas pelo Ministério da Coesão Territorial, trabalhando em conjunto com todos os ministérios do Governo português e em cooperação com o Governo espanhol.”
Sem querer divulgar a lista das medidas a anunciar na cimeira de outubro, a ministra revelou ao Expresso apenas alguns exemplos concretos de como projetos conjuntos (envolvendo Portugal e Espanha) e integrados (envolvendo serviços públicos de vários ministérios e a iniciativa privada) podem inverter o definhamento dos territórios fronteiriços.
É o caso da revitalização de Vilar Formoso enquanto porta de entrada de Portugal através da parceria entre o investimento público e privado, incluindo a grande distribuição: “Os projetos até já estão em curso para arrancarem em 2021.” A ministra conta com a iniciativa privada para dinamizar outra ideia emblemática: a criação de “aldeias de nómadas digitais” para profissionais de empresas tecnológicas, por exemplo.
Cinco eixos de atuação
Além de fortalecer a dinâmica de cooperação, a Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço visa garantir a igualdade de oportunidades e o livre exercício dos direitos de cidadania em ambos os lados da fronteira; assegurar a prestação adequada de serviços básicos adaptados ao território e aproveitando os recursos em ambos os lados da fronteira; fomentar o desenvolvimento de novas atividades económicas e iniciativas empresariais e promover a fixação de população nas zonas transfronteiriças.
O primeiro eixo de atuação será incentivar a mobilidade transfronteiriça e eliminar os custos de contexto, designadamente através da criação da figura do chamado trabalhador transfronteiriço.
Vem aí a figura do trabalhador transfronteiriço, aldeias de nómadas digitais ou o 112 transfronteiriço
O segundo eixo será melhorar as infraestruturas e a conectividade territorial, incluindo as questões de internet e da rede móvel nos territórios de fronteira. Neste domínio, o Governo espanhol já revelou a intenção de investir na ferrovia e na rodovia, coordenar os sistemas cartográficos para facilitar a implantação do automóvel autónomo ou de apostar na conectividade digital e nos projetos-piloto 5G. O primeiro-ministro português também já prometeu que “será precisamente no interior a primeira ronda de instalação do 5G para dar todas as condições às empresas” que aí se queiram instalar. E revelou algumas das ligações rodoviárias a concretizar (ver caixa).
O terceiro eixo passa pela coordenação dos serviços básicos como educação, saúde ou serviços sociais. O 112 transfronteiriço, por exemplo, permitirá ao doente ser acorrido mais depressa pela ambulância mais próxima, seja ela portuguesa ou espanhola.
O desenvolvimento económico e a inovação territorial terão direito a um eixo específico. E haverá um quinto eixo dedicado ao ambiente, energia, centros urbanos e cultura.
Os fundos europeus contribuirão para o financiamento da Estratégia, venham eles do Portugal 2030, do Instrumento de Recuperação e Resiliência ou de outros programas europeus. Mas a ministra Ana Abrunhosa frisa que muitas medidas não dependem de dinheiro: “É preciso vontade política e articulação entre os serviços administrativos de Portugal e Espanha.”
Foi na Cimeira Luso-Espanhola de Vila Real, em 2017, que António Costa e o então chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, decidiram apostar na cooperação transfronteiriça para valorizarem este “amplo espaço regional que partilham, dotado de coerência e vida própria, com um enorme potencial de afirmação económica e de modernização do tecido produtivo pela sua centralidade no espaço da Península Ibérica”.
Na cimeira do ano seguinte, já com Pedro Sánchez, ambos os governos se comprometeram “a promover e coordenar esforços para estabelecer orientações e recomendações à escala nacional e peninsular que permitam o desenvolvimento de novas políticas, estratégias e programas específicos dirigidos ao combate ao despovoamento, envelhecimento e à revitalização socioeconómica dos meios rurais mais vulneráveis” nos territórios de fronteira.
INVESTIMENTOS
Mais estradas de Bragança a Alcoutim
O primeiro-ministro, António Costa, revelou esta semana que a Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço “é a oportunidade para fazermos de norte a sul aquelas pequenas ligações que há muito foram pensadas e são sempre adiadas”. É o caso da ligação Bragança à fronteira, do IC31 entre Castelo Branco e Monfortinho, da ligação entre Nisa e Cedillo ou a ponte entre Alcoutim e Sanlucar. Tudo “pequenas ligações fundamentais para que o interior deixe de ser interior e passe a ser o eixo de
estruturação desse grande mercado ibérico”. António Costa considera “inexplicável” que a única região de fronteira deprimida em toda a Europa seja precisamente a de Portugal e Espanha. “Sabemos que a história o explica, mas sabemos também que a história mudou. Hoje somos aliados na NATO, somos parceiros na UE e é a altura, de uma vez por todas, de a fronteira deixar de ser uma barreira e passar a ser uma ponte que dê ao interior uma centralidade no mercado ibérico.”
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