quarta-feira, 16 de maio de 2018

Pedaladas na Macronesia lusófona



Queridos amigos e amigas das Quintas do Barrete,


Temos em comum que Portugal fascina-nos (e o mundo ligado à língua portuguesa) e, consecuentemente, gostava, mais uma vez, de partilhar convosco as minhas experiências de bicicleta nas Açores e no Cabo Verde que fiz no passado inverno e no início desta primavera e queria deixar algumas dicas por si là forem...

Dados ciclistas:

·         600 kms de bicicleta percursos em estradas de terra batida e alcatrão da ilha açoriana de São Miguel e nas ilhas caboverdianas de Santiago e Fogo. 

·         O resto de dados é supérfluo....



Açores é muito fácil de descrever

Verde, azul, chuva, calor, frío, sol, montanha, vale, vulcão, vento, deep blue, deep green, oceano, baleias, golfinhos, calma, muita calma, mesmo muita calma, educação, gente amável, verde, azul, peixe, deep blue, termas, lagos e vacas, muitas vacas, mesmo muitas vacas....

Cabo Verde é já mais complicado de descrever:

O facto de ser un arquipélago tão africano e tão português ao mesmo tempo faz sim que a descrição seja complicada. De facto, cada ilha de Cabo Verde é un mundo diferente. Eu só visitei Fogo e Santiago e fiquei maravilhado pelas pessoas, pelo mar (há tubarões!!!), pelas montanhas, pela aridez e pelas pequenas aldeias africano-portuguesas.
Há dois tipos de turismo no Cabo Verde:
·         o turismo dos grandes complexos internacionais de luxo.
·         o turimo de ver e experimentar o que acontece na vida normal dos cabo verdianos e nas suas paisagens, ruas, escolas, bares, etc...
Eu escolhi a segunda opção com a minha bicicleta e não fiquei desiludido, aliás, fiquei maravilhado. 





Grandes momentos de pedaladas:

·         Nos dois arquipélagos experimentei inesquecíveis subidas duras desde o nível do mar até os 1.000 mts em poucos kms e travessias em estradas empedradas intermináveis.
·         A subida do Tarrafal (Ilha de Santiago- Cabo Verde) até o parque natural da Malagueta é umas das minhas melhores experiências ciclistas!!!!!
·         A volta completa da Ilha do Fogo (100 kms) com um vulcão gigantesco no meio usando estradas empedradas é impossível de descrever. É uma das ilhas mais admiradas pelos habitantes de Cabo Verde.
·         A costa este da Ilha de Santiago com a Calheta de São Miguel em Cabo Verde é fantástica. Foi um dos meus puntos de chegada (já de noite) com cansaço e desorientado, mas com muita satisfação de ver paisagens de mar e montanha mágicos no anoitecer.
·         A escuridade na Ilha do Fogo de bicicleta (porque o barco da Praia teve um retraso de 3 horas...). Cheguei de noite ao porto de São Filipe (que fica a 8 kms do centro da cidade) e tive de subir uma rampa de 20% de desnível para sair do oceano-porto durante mais de 1 km....
·         A companhia de todas as crianças locais nas entradas das aldeias de Cabo Verde. Elas receviam-me como se eu fosse Miguel Induráin (eu tentava de não desiludí-las e fazia um sprint que logo ia pagar...).
·         A grande sede que senti em Cabo Verde, porque não há fontes....(mesmo muita sede).
·         A chegada à vila de Nordeste na Ilha de São Miguel nas Açores (um lugar muito calmo e bonito!!!).
·         A descida até Sete Cidades, situado ao pé de dois lagos na parte oeste da Ilha de São Miguel e o encontro com duas amigas do hostel para lá almoçar (Brenna e Laura).
·         Atravessar a Ilha de São Miguel do norte a sul da Riberira Grande até a Lagoa.
·         A abundância de água e fontes nas Açores.

 



Aparte das pedaladas experimentei muitas outras coisas: comida caboverdiana, comida açoriana, música, praias, mar, hospitalidade, gente, etc...:
·         A travessia de 4 horas de barco para chegar à Ilha do Fogo em Cabo Verde.... (o barco voava....não tenho palavras).
·         Visitei algumas escolas caboverdianas para considerar um novo desenvolvimento dentro do meu campo profissional e receveram-me muito bem. Foi ótimo poder visitar as aulas na vida quotidiana e falar con professores e alunos.
·         Tive de conviver con formigas em hóteis de Cabo Verde sem nome (nem muitas possibilidades de te-lo).
·         “Festa do sábado noite” na praia de Quebra Canela na cidade de Praia (nunca tinha visto dançar assim...).
·         O hostel de Ponta Delgada nas Açores (Out of the Blue). Best ever in my life!!!!
·         A natureza verde das Açores em relação ao Cabo Verde e a todo o que tenho já visto na minha vida!!!!
·         O fumo a sair da terra na vila de Furnas em Açores!!!! (as pessoas cozinham pondo a panela na terra e usam o calor natural da terra vulcânica....!!!!)
·         As conversas con Nina, doutoranda eslovena em veterinaria (Ljubiana), mas com dois anos de estudos na cidade de Braga: uma eslava-portuguesa!!!!
·         O avistamento de baleias azuis e golfinhos embarcado numa lancha mesmo muito rápida...
·         As piscinas naturais termais no oceano en Ferrerias (perto de Mosteiro, na parte oeste de São Miguel). Inacreditável estar no oceano a 40 graus de temperatura!!!!
·         Os jantares com a gente do Hostel na Ponta Delgada!!!
·         E os pequenos almoços!!!
·         Muitas reflexões pessoais que aparecem quando viajas sozinho.
 



Conselhos:


·         O meu único conselho em Cabo Verde é que é melhor planejar pouco e deixar que as coisas aconteçam no dia a dia.


·         O meu único conselho nas Açores é que é melhor planejar pouco e deixar que as coisas aconteçam no dia a dia.



Voltei com muita vontade de seguir pedalando e fazer caminhadas nas ilhas do norte dos dois arquipélagos: 


·         São Vicente, Santo Antão e São Nicolau em Cabo Verde e Terceira, Pico, Faial, e São Jorge nas Açores.



Voltarei!!!


Abraço


Iñaki