quarta-feira, 11 de maio de 2016

O meu Horizonte montado

Imagem da performance (Lidia)


 “A sala de teatro lembra por vezes esse navio de um sonho montado. Entramos juntos. Vamos começar uns con os outros, no salto que o corpo quer aprender, e empurramos, empurramos como o sul, a ressistência por asa: a armadura da surpresa. É isso. A magia vai com o balanço do conjunto, é ilha catedral na intuição do horizonte.” (Texto do cartaz)


Mais uma vez o Laboratório Performativo de Língua Portuguesa de Salamanca surpreende-nos com a última apresentação em Salamanca: Horizonte montado. Teatro, montagem artística, interpretação, performance... é complicado definir o trabalho de Hugo Milhanas, poeta e diretor da obra.


Já no texto do início recebemos algumas dicas para entrar no jogo interpretativo. Estamos numa sala de teatro, um barco, um navio? Somos espectadores, viageiros, caminhantes? Com certeza que há múltiples e diferentes interpretações, uma por cada espectador-participante assistente. É o que faz atrainte e interessante as propostas escénicas de LAPELIPOSA, conseguem uma inquietação constante, um estado de espectativa incrível, uma interrogação permanente.




O que eu vi, (o meu horizonte) foi o seguinte:


Náufragos perdidos na ilha-catedral. Todos a olhar para o mar, para o teatro-navio que está a chegar. Até oferecem a sua praia aos novos visitantes, há espaco para todos. Uma nova vida. Mas quando por fim  tiram as vendas dos olhos, recuperam a visão perdida, percebem que o seu mundo não é como queriam, sentem-se desiludidos. Sentem frio, solitude, incompreensão. Às vezes, um raio de sol consegue iluminar suas vidas, aquecer os corpos, recuperar as forças para procurar uma saída. Quando descobrem um timão perdido(símbolo do irremediável nagufrágio das suas vidas), compreendem a realidade, não há retorno, não há saída. Cada um deles tentará chegar ao mar, qual peixe desesperado a procura da água vital. É o HORIZONTE MONTADO de cada um, impossível de atingir?

Convido a todos os assistentes a procurar e partilhar o seu particular Horizonte montado...

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HORIZONTE MONTADO em 77 palavras e uma canção esperançada





Os caminhantes também vêm do mar. Mistério. Caminhamos sobre um mar cinzento, medonho, com um grito cravado no coração. Fantasmas vagando sem nos ver. Individuo. Chocamos uns contra os outros, desconfiantes. Resistência. Ouvimos o grito do outro com o coração. Reconhecimento. Horizonte azul de castelos luminosos e janelas de papel. Luz. Neste mar há peixes para todos. Clã. Não parece, mas, nesta praia há lugar para todos. Fronteira. Gaivotas de osos com asas de voar. Sublimação.




  https://youtu.be/2DA3pRht2MA?list=RD2DA3pRht2MA

Raquel Martín

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2 comentários:

  1. Muito obrigado por vir montar o horizonte connosco.

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  2. E continuamos, no próximo domingo (22 de Maio), com TUBACANORA, fecho da "Trilogia dos Caminhantes". No Espacio CIELO do Clavel Ocho, às 21h00: https://www.facebook.com/events/1170530352986792/.

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