Imagem da performance (Lidia) |
“A sala de teatro lembra por vezes esse navio de um sonho montado. Entramos
juntos. Vamos começar uns con os outros, no salto que o corpo quer aprender, e
empurramos, empurramos como o sul, a ressistência por asa: a armadura da
surpresa. É isso. A magia vai com o balanço do conjunto, é ilha catedral na
intuição do horizonte.” (Texto do cartaz)
Mais uma vez o
Laboratório Performativo de Língua Portuguesa de Salamanca surpreende-nos com a
última apresentação em Salamanca: Horizonte
montado. Teatro, montagem artística, interpretação, performance... é
complicado definir o trabalho de Hugo Milhanas, poeta e diretor da obra.
Já no texto do
início recebemos algumas dicas para entrar no jogo interpretativo. Estamos numa
sala de teatro, um barco, um navio? Somos espectadores, viageiros, caminhantes?
Com certeza que há múltiples e diferentes interpretações, uma por cada
espectador-participante assistente. É o que faz atrainte e interessante as
propostas escénicas de LAPELIPOSA, conseguem uma inquietação constante, um
estado de espectativa incrível, uma interrogação permanente.
O que eu vi, (o meu horizonte) foi
o seguinte:
Náufragos
perdidos na ilha-catedral. Todos a olhar para o mar, para o teatro-navio que
está a chegar. Até oferecem a sua praia aos novos visitantes, há espaco para
todos. Uma nova vida. Mas quando por fim tiram as vendas dos olhos, recuperam a visão
perdida, percebem que o seu mundo não é como queriam, sentem-se desiludidos.
Sentem frio, solitude, incompreensão. Às vezes, um raio de sol consegue
iluminar suas vidas, aquecer os corpos, recuperar as forças para procurar uma
saída. Quando descobrem um timão perdido(símbolo do irremediável nagufrágio das
suas vidas), compreendem a realidade, não há retorno, não há saída. Cada um
deles tentará chegar ao mar, qual peixe desesperado a procura da água vital. É
o HORIZONTE MONTADO de cada um, impossível de atingir?
Convido a todos os assistentes a
procurar e partilhar o seu particular Horizonte montado...
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https://youtu.be/2DA3pRht2MA?list=RD2DA3pRht2MA
HORIZONTE MONTADO em 77 palavras e uma canção esperançada
Os caminhantes
também vêm do mar. Mistério. Caminhamos sobre um mar cinzento, medonho, com um
grito cravado no coração. Fantasmas vagando sem nos ver. Individuo. Chocamos
uns contra os outros, desconfiantes. Resistência. Ouvimos o grito do outro com
o coração. Reconhecimento. Horizonte azul de castelos luminosos e janelas de
papel. Luz. Neste mar há peixes para todos. Clã. Não parece, mas, nesta praia
há lugar para todos. Fronteira. Gaivotas de osos com asas de voar. Sublimação.
https://youtu.be/2DA3pRht2MA?list=RD2DA3pRht2MA
Raquel Martín
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Muito obrigado por vir montar o horizonte connosco.
ResponderEliminarE continuamos, no próximo domingo (22 de Maio), com TUBACANORA, fecho da "Trilogia dos Caminhantes". No Espacio CIELO do Clavel Ocho, às 21h00: https://www.facebook.com/events/1170530352986792/.
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